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Opinião Cruzeiro: Tanta Ganância que deveria dar Vergonha

Escrito por em Dezembro 18, 2019

Vivemos tempos no mínimo diferentes.

Há décadas que os cientistas e muitos activistas, uns mais novos do que outros, nos vêm chamando para esta luta que a todos deveria dizer respeito. As alterações climáticas resultantes da acção do Homem cientificamente demonstradas continuam a ser tema tabu, pelos vistos. Aliás as questões ambientais ficam sempre bem em programas eleitorais, não só por cá, como por esse mundo fora. Todavia, quando chega a hora de agir é o que se vê. As Cimeiras do Clima promovidas pela ONU resultam quase sempre no mesmo, num exercício de pura ganância financeira e quanto ao assunto de base nada que se veja dali resulta. Estes senhores são os mesmos que na presença de um doente em fase terminal a necessitar de um tratamento só se preocupam com o custo financeiro desse tratamento e nunca com o doente. O problema aqui é que o paciente chama-se “Terra” e se ela nos responder como parece que estamos a merecer, da nossa fausta existência só restará material de arqueologia para estudo por espécies inteligentes que num futuro longínquo surjam por aqui. Enfim!

Neste processo, não poderei deixar de reafirmar a minha estranheza das reacções existentes contra a intervenção da activista sueca, Greta Thunberg. Amiúde se procura “matar” a mensageira para assim não ouvir a mensagem. Tenho para mim, que não só os políticos, como muitos de nós estão em negação face aos perigos que aquela jovem nos vem recordando, repetindo o que outros já disseram ao longo de décadas.

Sobre as questões ambientais e a ideia que os nossos governantes têm vendido lá fora de que Portugal será um exemplo, recordo que estes senhores são os mesmos que se preparam para criar condições para que se aumente a pegada ecológica pelo regresso de milhares de cidadãos às suas viaturas pessoais por força da retirada de utilidade à Linha Amarela do Metropolitano de Lisboa. Pensemos pois nas mentiras que nos dizem! Todos sabemos, o motivo por que devemos ser Contra o Fim da Linha Amarela, o que poucos saberão é porque motivos desejam os nossos governantes e autarcas a malfadada Linha Circular e consequentemente o encurtamento da Linha Amarela. Deixo-vos um exercício que se calhar vos dará respostas: pensem no que está projectado para a superfície na proximidade das estações da Estrela e de Santos. Eventualmente ver-se-ão confrontados com a palavra “Ganância”!

 

Nesta semana, em que tanto se fala de “Vergonha”, permitam-me considerar que além do episódio parlamentar entre dois ineptos em torno desta palavra, o que me preocupa mesmo é o significado, o sentido e a acção em curso motivada por outra palavra.

 

Falo de “Ganância”!

 

Há dez anos que quem trabalha é apertado por todos os lados. Os rendimentos de funcionários públicos e de trabalhadores do sector privado, ora são congelados, ora são diminuídos, contudo no mesmo ano em que dos nossos impostos são desviados 700 milhões de euros para pagar as contas de uma empresa incapaz de se sustentar, pois tem sido gerida por loucos e avarentos esbanjadores – sim estou a falar do Banco Espírito Santo e da sua cara suja mal lavada que dá pelo nome de Novo Banco -, dizia eu, no mesmo momento em que os nossos impostos pagam Novos Bancos, PPP’s, contratos “swapps”, obras faraónicas inúteis (como é o caso da Linha Circular do Metro de Lisboa) e outros desmandos, os nossos governantes, acabadinhos de serem reeleitos mostram-se dispostos a dar aumentos de 0,3% aos trabalhadores públicos e garantir mais-valias fiscais aos empregadores privados para que estes subam os trabalhadores do sector privado. Sabendo que a receita fiscal, aquela que paga isto tudo, tem essencialmente como origem os rendimentos do trabalho, verificamos que os aumentos dados a quem trabalha virão do seu próprio dinheiro e assim se percebe porque considero a palavra “Ganancia” como aquela que devia estar na ordem do dia.

 

Contudo, chegou aquela época do ano em que todos somos “homens bons” e capazes de pensar nos outros imbuídos dos mais altos valores. Neste tempo, pensamos nos pobres e alguns de nós até lhes provêem aquela que parece ser a única refeição a que têm direito por ano, a dita ceia natalícia. Pelo caminho, com essas nobres actividades assistencialistas exorcizamos as nossas consciências e prosseguimos afastando-nos dos princípios que deveriam emanar do nosso ADN civilista e cristão.

Falo da liberdade, da igualdade e da fraternidade realizáveis também pela solidariedade.

Plagiando um grande amigo meu na saída dos seus programas acabo dizendo:

Estimadas e estimados leitoras/es tenham um bom descanso se puderem, se conseguirem!

Eu, procurarei estar convosco, em breve, neste mesmo espaço. Até lá!

18/Dezembro/2019