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OPINIÃO CRUZEIRO: RAMADA E CANEÇAS – UM CASAMENTO INSOSSO 

Escrito por em Dezembro 27, 2018

Desde 2013 que existe a União das Freguesias de Ramada e Caneças.  

Foi um casamento de conveniência, feito ao abrigo duma suposta grande reforma e reorganização administrativa que, segundo os seus autores, prometia um maravilhoso país novo feito de eficiências e de economias de escala mas que, afinal, revelou valer menos que nada. Foi uma reorganização cega que se limitou à simples aritmética de juntar freguesias limítrofes, independentemente das diferenças históricas, culturais e socioeconómicas que pudessem existir entre as freguesias agregadas. 

Foi exatamente isto que sucedeu com o casamento de conveniência da Ramada e de Caneças numa única freguesia. De um lado, temos Caneças, uma freguesia centenária, justificadamente orgulhosa da sua história e das suas tradições, com uma forte identidade cultural e comunitária, onde o urbano e o rural se misturam, onde todos se conhecem e reconhecem, com um movimento associativo, desportivo e cultural forte e ativo e que é um pilar fundamental na vida da comunidade canecense. Do outro lado, temos a Ramada, uma freguesia jovem, claramente suburbana, sem identidade histórica, com uma identidade cultural que ainda está por afirmar, sem espírito de comunidade e com um movimento associativo deficitário e que ainda pode fazer muito mais pela comunidade. 

Caneças é uma freguesia que está a precisar de um choque de modernidade que respeite a sua identidade; a Ramada é uma freguesia que precisa, antes de mais, de criar e afirmar uma identidade própria e tornar-se numa verdadeira comunidade. 

Para verdadeiramente entrar no século XXI, Caneças precisa de potenciar e modernizar o muito que tem de bom, valorizando o património histórico, requalificando e modernizando o centro da vila, divulgando as potencialidades turísticas e aproveitar as infraestruturas culturais que já existem e que agregam a população em diversos eventos que mobilizam toda a comunidade. 

Na Ramada, o problema começa logo na carência de infraestruturas – não há em toda a freguesia um espaço central amplo e equipado que permita a realização de eventos de dimensão média/grande, não há um espaço verdadeiramente ao serviço da população onde se possa apresentar uma peça de teatro ou realizar um concerto ou outro evento cultural, não há um espaço desportivo público que permita à população praticar desporto livremente, nem sequer um espaço verde central onde se possa apenas passear. O movimento associativo, por seu lado, está muito fechado em si próprio e pouco virado para a comunidade. As carências de infraestruturas são muitas mas estas são necessárias para que se comece a criar o tal espírito de comunidade que tanto falta na Ramada. Mas há pontos de esperança, anima-me ver algumas associações de moradores ativas e agregadoras e saber que estão em constituição mais associações de moradores. Pode ser um bom começo, aliás, um excelente começo para criar uma comunidade ramadense. 

O casamento de Ramada e Caneças, destas duas realidades tão diferentes, tem sido pacífico mas não faz ninguém feliz. Comenta-se em alguns meios que o divórcio pode estar para breve. Caso avance, pode ser uma boa oportunidade para redefinir alguns dos limites destas freguesias (e das restantes do concelho, já agora) para terminar com alguns limites absurdos e dar maior coerência territorial aos respetivos territórios. 

Até para a semana. Desfrutem de Odivelas e tenham um ano de 2019 com Saúde, Paz e Amor!