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MORREU O ESTRATEGA DO MOVIMENTO QUE NOS DEVOLVEU A LIBERDADE

Escrito por em Julho 25, 2021

MORREU OTELO SARAIVA DE CARVALHO

Lisboa 25 Julho 2021 – o Coronel Otelo Saraiva de Carvalho, morreu este domingo aos 84 anos, no Hospital Militar de Lisboa. Responsável operacional da Comissão Coordenadora do MFA (Movimento das Forças Armadas) dirigiu as operações do 25 de Abril a partir do posto de comando instalado no Quartel da Pontinha. Graduado em brigadeiro, chegou a comandante da COPCON (Comando Operacional do Continente) a 23 de Junho de 1975, tendo sido afastado do cargo após o 25 de Novembro de 1975. A sua ação, sem disparar um tiro, tornou possível por termo à ditadura mais longa do século XX, na Europa.

Otelo Nuno Romão Saraiva de Carvalho, nasceu em Moçambique, na antiga cidade de Lourenço Marques, em 1936. Foi capitão em Angola entre 1961 a 1963 e na Guiné entre 1970 e 1973.

Já Major, foi o autor do plano de operações do 25 de Abril, golpe que derrubou Marcelo Caetano e o regime do Estado Novo. Foi reconhecido como um militar particularmente vocacionado para a tática de artilharia. Após a Revolução, foi nomeado comandante da Região Militar de Lisboa e do COPCON. Integrou o Conselho dos 20 e o Conselho da Revolução.

Foi candidato às presidenciais de 1976. Na década de 1980, esteve na luta armada como membro da organização Forças Populares 25 de Abril. Em 1986 seria condenado a 15 anos de prisão por associação terrorista. Em 1991, recebeu um indulto. Os crimes foram amnistiados em 2004.

Apesar de ter tido oportunidade de conquistar e manter o poder, nunca o fez. Recusou todas as promoções baseadas no feito, porque considerava ter apenas executado uma missão.

«Ele não escolheu o protagonismo. A revolução era urgente, mas ninguém a fazia. Quando era preciso agir, mas, por medo, inépcia ou calculismo, ninguém agia, ele foi herói». escreveu no Público Paulo Moura em 24 de Abril de 2009.

Veja a reconstituição cénica com o próprio Otelo da noite da operação:

Foi Medalha de 2.ª Classe de Mérito Militar e Medalha de Prata de Comportamento Exemplar.

No dia 25 de Novembro de 1983 recebeu a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.

Sempre inconformado, em 2011 disse que, «se soubesse como o país ia ficar, não teria realizado o 25 de Abril. Otelo lamentava as “enormes diferenças de carácter salarial” que existem na sociedade portuguesa e afirmou: «não posso aceitar essas diferenças. A mim, chocam-me. Então e os outros? Os que se levantam às 05h00 para ir trabalhar na fábrica e na lavoura e chegam ao fim do mês com uma miséria de ordenado?”.

O que mais o desiludia era que questões que considerava muito importantes no programa político do Movimento das Forças Armadas (MFA) não terem sido cumpridas.

Uma delas, que considerava “crucial”, é «a criação de um sistema que elevasse rapidamente o nível social, económico e cultural de todo um povo que viveu 48 anos debaixo de uma ditadura. Este povo, que viveu 48 anos sob uma ditadura militar e fascista merecia mais do que dois milhões de portugueses a viverem em estado de pobreza.” ”

Esses milhões, afirmou, significa que “não foram alcançados os objetivos” do 25 de Abril de 1974.

 

Mais tarde, Otelo diz que esta frase dele foi mal compreendida, e que obviamente valeu a pena fazer o 25 de Abril.

CARREIRA MILITAR

  • Oficial do quadro permanente da Arma de Artilharia, foi promovido ao posto de major em 1 de Setembro de 1973.

 

  • Por portaria de 10 de Abril de 1984, foi promovido a tenente-coronel, com efeitos reportados a 21 de Novembro de 1980.

 

  • Em Abril de 1984, em reunião ordinária do Conselho de Arma de Artilharia, integrando o primeiro terço da lista de tenentes-coronéis de arma a promover, foi favoravelmente apreciado como apto à promoção a coronel.

 

  • A sua promoção a coronel foi interrompida devido ao seu envolvimento no processo das FP-25. Só em 21 de Abril de 2009, foi promovido a essa patente, com antiguidade a 19 de Maio de 1986.

 

Casou em Lisboa, São João de Brito, na Igreja de São João de Brito, a 5 de Novembro de 1960 com Maria Dina Afonso Alambre , filha de Bernardino Mateus Alambre e de sua mulher Aida de Jesus Afonso, e da qual teve duas filhas e um filho, duas netas e um neto.

Quando esteve preso na cadeia de Caxias, nos anos 80, iniciou um relacionamento com Maria Filomena Morais, uma funcionária prisional divorciada.


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