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OPINIÃO/CRUZEIRO: UMA SEMANA NEM DÁ PARA AQUECER

Escrito por em Maio 22, 2018

Uma semana nem dá para aquecer

Por estes dias está a decorrer a semana do desporto, no concelho de Odivelas. São dias muito intensos, cheios de muitas atividades desportivas e bem embrulhados em grande quantidade de propaganda. A essa oferta misturam-se momentos musicais, acrescenta-se uma dose de passeios alcatroados e temos a única semana mais desportiva do ano em Odivelas.

Num concelho em que a política desportiva não é pensada de forma integrada, desde a vertente formativa e educativa, passando pela dimensão lúdica, até ao alto rendimento e sem esquecer o lado saudável da prática de atividade física, uma semana dedicada especificamente ao desporto é um momento que deve ser saudado. Contudo, o ano tem mais 51 semanas!

Em muitas das escolas do nosso concelho, particularmente no primeiro ciclo, as crianças desenvolvem a atividade física (na componente letiva ou nas AEC’s) em espaços impróprios e sem o material necessário. Ginásios que servem de refeitórios ao almoço ou salas de aula transformadas numa espécie de ginásios são o dia-a-dia de milhares de alunos e alunas em Odivelas.

A carência de infraestruturas não é algo que atinja apenas as crianças e jovens que estudam no concelho. Apesar do investimento megalómano no Pavilhão Multiusos de Odivelas, o território tem falta de equipamentos adequados e que respondam às necessidades das populações e das coletividades existentes no município. No que se refere à prática desportiva em termos lúdicos e recreativos quase todos os polidesportivos existentes no concelho estão desativados ou encontram-se em avançado estado de degradação. Caso do Honório Francisco, que continua esquecido e à espera da concretização do suposto acordo com a Federação Portuguesa de Ginástica, bem como de muitos outros ringues nas várias freguesias.

Neste contexto, deveriam existir espaços de livre acesso e devidamente cuidados pelos poderes públicos, que assegurassem o direito à prática de diferentes desportos em equipamentos adequados e seguros, por todo o território de Odivelas e não só em zonas privilegiadas, como as Colinas do Cruzeiro ou o Jardim da Amoreira.

No universo do desporto federado a carência de equipamentos adaptados às valências das instituições de Odivelas é também uma realidade. Todos os anos, os clubes desportivos queixam-se da falta de horários disponíveis para os treinos das suas equipas nos pavilhões municipais. Muitas vezes, quando existem, o espaço tem que ser divido por mais do que uma atividade desportiva, em simultâneo.

A par desta questão relacionada com a falta de infraestruturas, os apoios públicos às coletividades também não correspondem ao trabalho desenvolvido por muitas dessas instituições com as crianças e jovens do concelho. A criação do PAMO (Programa de Apoios Municipais de Odivelas), que fundiu o PADO (Programa de Apoio ao Desporto de Odivelas) com os restantes programas de apoio ao movimento associativo da área cultural, da juventude e do setor social, gerou uma desadequação entre os apoios da Câmara Municipal e a realidade das instituições e sem atender corretamente às necessidades específicas de cada área de atuação dessas organizações.

Mais do que uma estratégia, aquilo que temos assistido no concelho de Odivelas, também na área do desporto, é a uma sucessão de eventos públicos através dos quais o executivo municipal procura fazer passar a ideia de que tem um fio condutor para o desenvolvimento do concelho neste capítulo. Tal não acontece, como é prova a via ciclável que recentemente destruiu vários passeios e levou ao desaparecimento de alguns terrenos usados para cultivo. Via essa, que não é uma solução segura para a circulação pedonal ou de bicicleta e nem sequer está paisagisticamente bem enquadrada.

Entretanto, ficou a saber-se que mais um “centro de marcha e corrida” vai ser inaugurado no Parque Multidesportivo, nas Colinas do Cruzeiro. Mais uma valência numa área já muito favorecida, enquanto que em outras zonas do concelho é impossível conseguir um espaço no qual sequer se possa jogar futebol em segurança, quanto mais praticar outras modalidades. Odivelas tem que ser de todos o ano inteiro e não apenas de alguns.

Luis Miguel Santos

 

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