OPINIÃO/CRUZEIRO: FELIZMENTE, NÃO HÁ NECESSIDADE DE MARCHAR PELO ORGULHO HETEROSSEXUAL.
Escrito por ARCO em Julho 20, 2019
Ultimamente tenho visto alguns rumores de que se está a planear em Lisboa uma marcha de orgulho heterossexual. Neste pequeno texto pretendo expôr o porquê desta marcha não fazer sentido, e o porquê da Marcha de Orgulho LGBTI+ que se realizou em Lisboa e por tantas outras cidades do país se tornaram extremamente importantes não só a nível Nacional, mas também para o mundo.
São apenas factos que ninguém é assediado, humilhado, agredido, vítima de bullying, convidado a sair de casa, entre tantas outras atrocidades impensáveis, por ser heterossexual.
A verdade é que Marchas como a do Orgulho LGBTI+ nos tornam visíveis. Tornam não só visíveis as pessoas que se inserem na comunidade LGBTI+, mas também tornam visíveis as minorias que sofrem diariamente por serem exatamente minorias, e tornam ainda visíveis todas as pessoas que acreditam num mundo mais justo, equitativo, tolerável, carinhoso, divertido e bondoso.
Marchas como a do Orgulho LGBTI+ são realmente essenciais, mas porquê?
- Porque até 1982, qualquer prática homossexual em Portugal era considerada como um ato ilegal
- Porque o 25 de Abril trouxe a liberdade de expressão como um direito humano fundamental
- Porque o amor é a solução e não pode nunca ser visto como algo anómalo ou pejorativo
- Porque no Irão, no Afeganistão, no Brunei, na Malásia, na Arábia Saudita nos Emirados Árabes Unidos, em Marrocos, no Sudão, na Síria, entre muitos e muitos outros países, a homossexualidade é punida com prisão, tortura, castração química, e mesmo morte
- Porque na Rússia e na Ucrânia existem leis que não permitem a menção da homossexualidade de uma forma positiva, mesmo na internet
- Porque jovens por todo o mundo e em Portugal são vítimas diárias de violências físicas, verbais e psicológicas, o que causa o isolamento, a solidão e o distanciamento dos mesmos face aos amigos e família, muitas vezes levando mesmo ao suicídio
- Porque a orientação sexual de alguém não afeta mais ninguém se não o próprio alguém. E quando afeta terceiros, a questão deverá debruçar-se no porquê de terceiros se sentirem afetados por orientações sexuais alheias
- Porque estamos perante uma mudança de clima político que batalha a política tradicional, que está atenta, que ouve, e que se preza por fazer frente ativa às preocupações atuais e reais da população
- Porque as minorias juntas fazem uma grande maioria
Neste sentido, em vez de existir um sentimento de revolta por parte de certas pessoas, pela não organização de uma marcha de orgulho heterossexual, deveria existir um sentimento de alívio e gratidão pelo facto da mesma não ser necessária.
Bruno Oliveira
PAN- Pessoas, Animais e Ntureza