OPINIÃO/CRUZEIRO: E O RESTO DO ANO?
Escrito por ARCO em Junho 5, 2018
E o resto do ano?!
Enquanto o futuro do Mosteiro de Odivelas anda na ordem do dia, com os seus debates condicionados e condicionantes, o executivo municipal vai esquivando-se daquilo que prometeu. Um verdadeiro debate público, sem preconceitos e não monopolizado, para que não sejam incutidas ideias apriorísticas em quem deveria fazer e participar dessa discussão. Eu, tu, todos e todas que vivem em Odivelas temos o direito a esse debate!
Entretanto, termina mais um Mês da Juventude em Odivelas, promovido pela Câmara Municipal. Um mês que, afinal, trata-se de uma concentração de eventos numa semana. O mais preocupante é que há quem se orgulhe disso, mas não se lembra que durante as restantes semanas do ano existem poucos eventos dirigidos às e aos jovens.
Alguns destes eventos,do mês da juventude, concentraram-se no Pavilhão Multiusos, tendo sido alguns deles pagos.
Nesse período, todos querem aparecer e, para lá da propaganda política, há um esforço para dar a conhecer o trabalho dos e com os/as jovens. As associações, clubes e ginásios juntam-se para mostrarem à população que estão presentes e disponíveis para trabalhar ainda com mais jovens.
A promoção de eventos que acontecem, essencialmente, durante uma semana, deixando o resto do ano sem atividades regulares e frequentes, não é política para a juventude, mas sim propaganda para encher o Boletim Municipal e outras publicações oficiosas do poder autárquico. Na verdade, a pergunta que emerge é: onde está a preocupação com os jovens do nosso concelho?
As políticas para a juventude não podem passar por um conjunto mais ou menos avulsos de eventos destinados aos mais novos. O reconhecimento da importância da fixação de jovens e da mais valia que poderão representar para o município no futuro tem de traduzir-se numa conjugação de políticas públicas integradas, diversificadas e continuadas no tempo, envolvendo as associações juvenis, as escolas, o movimento associativo, cultural, recreativo e desportivo e as diferentes vertentes do poder autárquico.
Orgulho numa semana cheia de atividades? Não! Com todo o respeito por quem participou nesses eventos, temos que exigir mais e melhor, até porque o ano tem 52 semanas.
Motivo de orgulho seria a recuperação de espaços esquecidos e degradados. Equipamentos abandonados que há muito aguardam protocolos que não seguem em frente, mas ninguém se preocupa que assim seja. Espaços como o Polidesportivo Honório Francisco ou o ringue do Pomarinho, entre muitos outros, há muito deveriam ter voltado a servir a população jovem do concelho. A recuperação desses espaços, certamente revitalizaria, também, as áreas envolventes, traria pessoas a praticar atividade física no espaço público, todo o ano e não numa qualquer semana predeterminada nos Paços do Concelho. Mas nada avança, exceto a continuação da aposta em dotar áreas já bem servidas de mais equipamentos e outras mais valias, como é agora o caso do recém batizado Parque Multidesportivo Naíde Gomes, nas Colinas do Cruzeiro.
Orgulho seria um executivo que trabalhasse com e para os jovens, todo o ano! Não só no desporto, mas também no domínio das artes, da cultura e da formação cívica.
Orgulho seria as e os nossos jovens conseguirem ter onde estudar, conviver, transportes públicos de qualidade e, acima de tudo, espaços para crescer física, social, cultural e intelectualmente.
Orgulho seria Odivelas ser realmente para todos e todas, durante todo ano!
Luis Miguel Santos