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OPINIÃO/CRUZEIRO: 8 DE MARÇO

Escrito por em Março 5, 2019

8 de Março

Quase que terminadas as festividades pagãs do Carnaval,que pouca ou nenhuma expressão têm em Odivelas, ao contrário do que se passa no concelho vizinho, chegamos a mais um 8 de Março.

Ao dia internacional da Mulher.

A ideia de criar o Dia da Mulher surgiu no final do século XIX e início do século XX nos Estados Unidos e na Europa, no contexto das lutas femininas por melhores condições de vida e trabalho e pelo direito de voto.

A 26 de agosto de 1910, durante a Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas em Copenhaga, foi proposto pela líder socialista alemã Clara Zetkin a instituição de uma celebração anual das lutas pelos direitos das mulheres trabalhadoras.

As celebrações do Dia Internacional da Mulher ocorreram a partir de 1909 em diferentes dias de fevereiro e março, dependendo do país.

A primeira celebração ocorreu a 28 de fevereiro de 1909 nos Estados Unidos, seguida de manifestações e marchas em outros países europeus nos anos seguintes.

As manifestações uniam o movimento socialista, que lutava por igualdade de direitos económicos, sociais e trabalhistas, ao movimento sufragista, que lutava por igualdade de direitos políticos.

Na década de 1970, o ano de 1975 foi designado pela Onu como o Ano Internacional da Mulher e o dia 8 de março foi adotado como o Dia Internacional da Mulher pelas Nações Unidas, tendo como objetivo lembrar as conquistas sociais, políticas e económicas das mulheres, independente das diferentes nacionalidades , etnias , línguas , culturas, estatuto económico ou políticas.

A Mulher, que é o pilar desta sociedade, que é mãe,trabalhadora, cidadã ativa em causas sociais, mas que ainda segue, num patamar a baixo do homem e que todos os dias é posto em causa o seu valor e o seu lugar.

Apesar de representarem a maioria da população e serem a maioria dos frequentadores do ensino superior, ainda é renegada para posições secundárias nas grandes empresas.

Este posicionamento machista nos espaços de poder alimenta a ideia de que as mulheres são minoritárias e não têm capacidade de liderança.

Que ainda continua a ouvir piadas de muito mau gosto, que a fazem querer sentir, que o seu lugar não é ali, mas escondida do mundo, num lar, a cuidar deste e dos seus filhos e apenas viver,para servir o seu homem.

A mulher vive, ainda hoje, uma condição de subalternidade em relação ao homem. Condição essa, que é bastante visível em questões muito objetivas,como a desigualdade salarial ou o trabalho doméstico, por exemplo.

E pasme-se que ainda há que defenda que assim seja.

Conservadores machistas, que tudo fazem, para a não satisfação plena da Mulher…Nem a querem como um par, com igualdade.

Entre 1 de janeiro e 31 de dezembro foram assassinadas vinte e oito mulheres (28) em Portugal. O contexto desta vitimação foi a intimidade presente ou passada ou relações familiares próximas.

É na intimidade que a maioria das mulheres continua a ser assassinada.

As mulheres continuam a morrer nas mãos, daqueles que um dia amaram. E muitas vezes, com extrema violência e requintes de maldade.

O sentimento de posse, em relação à mulher e pensar como se de um objecto de tratasse, pode ser a explicação para estes números, que só neste inicio de ano, já contamos com onze mulheres assassinadas.

Em Odivelas, na Encosta da Luz, tivemos, infelizmente, um destes tristes episódios, uma mulher de apenas 23 anos, foi estrangulada com uma corda à volta do pescoço… Acontecimento trágico que está quase a fazer um ano.

São números tristes, para uma triste realidade, que assola o nosso país de Norte a Sul. Simples celebrações a lembrar estas lutas, não chegam.

A justiça, tem que ser mais dura e atuante. Não pode andar de mãos dadas com interpretações pessoais de juizes, nem se confundir com passagens da Biblia, para justificar decisões.

Mudar ideias pré-concebidas e que passam geracionalmente, é um trabalho árduo, mas que dará o seu fruto

Cabe a todos nós,homens e mulheres, mudarmos esta mentalidade infeliz da sociedade e valorizarmos, cada vez mais a Mulher…

Rui Santos

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