Rússia Põe Fim a Quase de 77 Anos de Paz na Europa e Invade a Ucrânia.
Escrito por Paulo António Monteiro em Fevereiro 24, 2022
Russia acaba de lançar uma invasão em larga escala da Ucrânia.
Kiev 24 Fevereiro 2022 – Desde 1945 que nenhum país da Europa entrou em guerra aberta com outro congênere Europeu. O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, confirmou que a Rússia está desde as 3h00, hora de Lisboa, a atacar a “infraestrutura militar” e os postos de fronteira ucranianos, e pediu à população que não entre em pânico. A Rússia põe deste modo fim a cerca de 77 anos de paz na Europa.
Numa mensagem de vídeo no Facebook, Zelensky confirma invasão do seu país e decreta a lei marcial em todo o território e disse que conversou por telefone com o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Pode ver aqui a mensagem publicada no Facebook pelo Presidente Volodymyr Zelensky
https://www.facebook.com/100007211555008/videos/910863176253384/
A Agência France Press revela que o Exército ucraniano confirma que abateu cinco aviões e um helicóptero russo. Várias cidades ucranianas confirmam explosões. O espaço aéreo do país foi fechado e a polícia circula pelas ruas com carros a emitir avisos à população através de altifalantes.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, revelou no Twitter que a “invasão em grande escala” teve início. “Putin acaba de lançar uma invasão em larga escala da Ucrânia. Cidades ucranianas pacíficas estão em guerra. Esta é uma guerra de agressão. A Ucrânia irá defender-se e vencer. O mundo pode e deve deter Putin. O momento de agir é agora”, afirmou o responsável pelas relações exteriores.
Moscovo confirma o ataque às defesas aéreas ucranianas, a invasão está a desenvolver- se a Leste pela Bielorrússia muito perto da capital Ucraniana Kiev. Há ainda relatos de ataques no Sul na zona de Mariupol e Odessa.
Recordamos que a crise entre os dois paise teve início no ano de 2013, no mês de Novembro, o presidente ucraniano à época, Viktor Yanukovych, anunciou a desistência do estabelecimento do acordo de livre-comércio com a UE (União Europeia).
Segundo Yanukovych, era necessário priorizar as relações com os russos. No dia 21 de Novembro de 2013, tiveram inicio as manifestações de protesto contra a decisão. Um repressão violenta acabou com os protestos e dezenas de manifestantes foram mortos.
Em 22 de Fevereiro, o então presidente deixaria Kiev, e, posteriormente, seria afastado da presidência parlamentar do país. Foram convocadas eleições para Maio seguinte, e formado um governo interino.
Na Crimeia, foi constituído um parlamento, sendo, no entanto, controlado por uma liderança pró -Rússia. Um novo primeiro ministro foi nomeado e foi aprovada a independência da republica e a subsequente integração à Rússia.
Segundo o governo ucraniano, o parlamento da Crimeia seria ilegítimo. As forças internacionais, não reconhecem o governo formado. No entanto a Rússia envia tropas para a Crimeia e anexa a republica.
A anexação, foi referendada e venceu com mais de 95% dos votos. No entanto, uma pesquisa realizada na região, revelou que apenas 42% da população seria favorável a decisão que ganhou nas urnas.
As tensões entre a Rússia e a Ucrânia têm uma história que remete à Idade Média. Após a desintegração desse império Russo, em 1917, o país vivenciou um breve período de independência, antes de a União Soviética o reconquistar à força. Após a desintegração do império, em 1917, o país viveu um breve período de independência, antes de a União Soviética o reconquistar à força.
Em Dezembro de 1991, Ucrânia, Rússia e Bielorrússia assinaram um acordo que selava efetivamente o fim da União Soviética. No entanto, Moscovo, pretendia manter sua influência na região através da recém-criada Comunidade dos Estados Independentes (CEI).
O Kremlin também calculava que o fornecimento de gás natural a baixo custo manteria a Ucrânia na sua esfera de influência. Mas, as coisas passaram-se de um modo diferente. Enquanto Rússia e Bielorrússia estabeleceram uma aliança próxima, a Ucrânia aproximavou-se cada vez mais do Ocidente.
Em 1997, Rússia e Ucrânia assinaram o Tratado de Amizade, Cooperação e Parceria, conhecido como o “Grande Tratado”, através do qual Moscovo reconhecia as fronteiras oficiais da Ucrânia, incluindo a Península da Crimeia, região de maioria étnica russa.
As tensões entre os dois países agravaram-se durante as eleições presidenciais na Ucrânia em 2004, com o apoio Russo ao candidato pró Rússia Viktor Yanukovych. A chamada Revolução Laranja evitou que assumisse, a eleição foi declarada fraudulenta, e o candidato pró-ocidental Viktor Yushchenko tornou-se presidente.
A Rússia reagiu ao cortar o fornecimento de gás à Ucrânia, em 2006 e 2009, além de interromper também o abastecimento à União Europeia.
O Kremlin aproveitou o vácuo de poder em Kiev e anexou a Península da Crimeia em Março de 2014.
Ao mesmo tempo, na região de Donbass, no leste ucraniano, houve um levantamento e foram auto-proclamadas as “repúblicas populares” de Donetsk e Lugansk. O conflito foi oficialmente encerrado em Setembro de 2014, com a assinatura de um cessar-fogo em Minsk. Mas, efetivamente seguiu-se um conflito regional que continua até os dias atuais.
Os dois países possuem raízes comuns que se estendem até a época do antigo Estado da Rússia de Kiev, nas terras eslavas do leste. Esse é o motivo evocado pelo o presidente russo, Vladimir Putin, para pôr em causa a independência da Ucrânia quando se refere aos dois países como “um só povo”.