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OPINIÃO CRUZEIRO: ZEROS À DIREITA

Escrito por em Abril 17, 2018

Zeros à direita

Quase todos os dias somos levados a acreditar que dinheiro existe e é muito! Ainda que mal distribuído e/ou mal aplicado.

São divisões quase pornográficas de dividendos, por acionistas de empresas, que outrora foram públicas, com serviços de excelência e que agora apenas buscam o lucro. A maioria dessas empresas gere monopólios naturais ou áreas de negócio sem grande concorrência.

Os cortes sucessivos em meios humanos e físicos têm levado a uma redução cada vez maior da qualidade do serviço prestado. O caso mais recente e evidente é o dos CTT, mas poderia lembrar a EDP, a antiga Portugal Telecom ou a ANA – Aeroportos de Portugal.

As notícias de novas ajudas financeiras à Banca são uma constante, que ninguém sabe quando terminarão e quanto irão custar aos contribuintes. Os perdões fiscais a grandes empresas multiplicam-se. Em simultâneo, as más praticas ambientais de grandes grupos são ignoradas. Enquanto isso, as pequenas empresas e as pessoas individualmente são inundadas de impostos, regras burocráticas e, não raras vezes, vêm as «suas vidas» penhoradas.

A título de exemplo, os CTT nos últimos dois anos distribuíram dividendos superiores aos lucros obtidos. A par dessa descapitalização, a administração da empresa anunciou um plano de «reestruturação» que implica a redução de centenas de postos de trabalho e o encerramento de dezenas de estações dos correios. Em Odivelas, o fecho de estações é uma realidade, que ainda não se sabe onde vai terminar.

No concelho onde a propaganda política diz que é bom para viver, os serviços públicos têm vindo a encerrar. Do fecho de creches, a postos de correio ou passando por dependências bancárias da CGD a oferta à população degradou-se.

Naquela que já foi a terra das oportunidades, essa política também atinge o domínio cultural. Monumentos vedados à população e em avançado estado de degradação ou um centro cultural à beira da privatização são alguns dos casos que exibem um cenário cultural pouco cor-de-rosa e muito preocupante, em Odivelas.

A lógica política que privilegia o lucro tem sido dominante e estende-se a outros domínios das nossas vidas, tais como a saúde ou a educação, só para citar dois. No concelho, como no país, os negócios e os interesses particulares têm vindo sempre primeiro do que o interesse coletivo e do que uma verdadeira aposta num serviço público de qualidade, que satisfaça e empodere as cidadãs e os cidadãos. No nosso concelho há muito por cumprir no que diz respeito à qualificação e valorização dos serviços públicos, começando pelo slogan “Odivelas somos todos nós”.

 Luís Miguel Santos

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