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OPINIÃO/CRUZEIRO: VAMOS A ISTO, POVO DE ODIVELAS?

Escrito por em Junho 2, 2018

VAMOS A ISTO, POVO DE ODIVELAS?

Vem, vamos embora que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora, não espera acontecer…

(Geraldo Vandré))

De volta a esta minha colaboração com a Rádio Cruzeiro, que deveria ser semanal mas não o é por motivos que se prendem com factores diversos, entre os quais alguma indisponibilidade de tempo, vou hoje virar-me, prioritariamente, para um problema relacionado com a nossa vida local, isto é, que diz respeito ao concelho de Odivelas.

Sei muito bem que teria pano para mangas se quisesse comentar, por exemplo, a continuação da criminosa política levada a cabo pelo Estado terrorista de Israel no território ilegalmente usurpado ao povo palestiniano, com a empenhada colaboração dos campeões do alcunhado “mundo livre” e a envergonhada (e vergonhosa) compreensão da nossa sacrossanta Europa, da qual o governo português se continua a vangloriar de ser um leal e invertebrado servidor.

Muito haveria a dizer também sobre as eleições na Venezuela, que só serão reconhecidas como verdadeiramente genuínas pelos habituais eunucos, quando as ganharem os abutres que pairam sobre aquele povo, procurando alimentar-se da carniça que vão semeando e pretendem consolidar. Mas, caramba, a coisa está complicada, aquele povo está difícil de vergar… Nada, porém, que não se possa resolver com um bombardeamento letal ou uma invasão “pacificadora”, levada a cabo pelos grandes “defensores dos direitos humanos”, que faça aquele país insubmisso regressar ao redil onde os mandantes deste mundo querem aprisionar todos os rebanhos. Não é verdade, senhor Ministro dos Negócios Estrangeiros, doutor Augusto Santos Silva?

Podia também falar da Síria, onde a resistência do seu povo ao “assalto humanitário” dos mesmos de sempre está a ultrapassar todos os limites do imaginado pelos assaltantes. E muitas outras situações similares que se vão desenrolando um pouco por todo o mundo, poderiam ser alvo das minhas congeminações de momento.

Mas eu prometi no início que iria falar de um problema local e quero cumprir a promessa. Nessa conformidade, entro de imediato no tema que quero abordar nesta minha opinião, que se centra na discussão que julgo ser necessário fazer para se chegar a um consenso, o mais alargado possível, sobre a utilização a dar ao Mosteiro de Odivelas e terrenos adjacentes.

Este tema, aliás, constituiu um dos eixos centrais da campanha eleitoral da CDU nas últimas eleições autárquicas.

Fruto de muitos estudos realizados e de empenhada recolha de opiniões junto da população, foi apresentado um projecto sustentado com ideias muito claras sobre o destino a dar àquele imenso território (edificado e não edificado).

Nas múltiplas reuniões dos órgãos autárquicos que entretanto se realizaram, parece ter resultado o compromisso da Câmara Municipal de Odivelas de que irá promover debates públicos sobre o tema, para que a população, principal interessada e beneficiária do que de bom ali se poderá fazer, se possa pronunciar, apresentando sugestões e, eventualmente, novas ideias para um melhor aproveitamento daquele enorme espaço.

É evidente que a Câmara tem de cumprir o prometido, isto é, promover verdadeiros debates públicos onde a população, devida e amplamente convocada, possa, livre e conscientemente, expressar a sua vontade com a garantia mínima de que esta seja, na medida do possível, considerada.

Isto não inviabiliza, contudo, que as outras forças vivas do concelho, políticas ou não, procurem também fazer esse trabalho, se para isso se sentirem motivadas.

Todos os contributos saídos de debates, organizados seja por quem for, que tenham como objectivo contribuir para a procura das melhores soluções, tendo em vista o bem comum da população, creio que serão bem-vindos por todos.

A CDU, consciente desde a primeira hora da extrema importância de tal empreendimento, já iniciou esse processo, com um importante debate realizado no passado dia 25 de Maio, na Sociedade Musical Odivelense, para o qual foram convidadas várias personalidades e representantes de todos os partidos políticos com eleitos no concelho. Nem todos puderam ou quiseram estar presentes mas, mesmo assim, considero altamente positivo o envolvimento empenhado daqueles que compareceram e contribuíram para o debate, com ideias e sugestões bem fundamentadas.

Claro que seria bom que todos seguissem este exemplo. Porque ficar à espera dos debates que a Câmara promoverá para lá ir debitar, unicamente, as ideias pessoais de cada um, não me parece a melhor contribuição para o alcançar das melhores soluções.

E depois, criticar a Câmara se esta não cumprir o prometido, só fará sentido se dela não formos cúmplices pela nossa própria inércia.

O debate público está, pois, lançado.

Que ninguém fique à espera do vizinho do lado que, porventura, estará mais interessado em discutir com o Correio da Manhã o futuro de um qualquer Bruno de Carvalho, do que em garantir uma melhor qualidade de vida para si e para os seus filhos, netos e subsequentes descendentes.

O que está em causa é demasiado importante para que nos distraiamos com assuntos menores, que em nada contribuem para a preservação da nossa sanidade mental.

Um bom fim-de-semana para todos.

Adventino Amaro

1 de Junho de 2018

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