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OPINIÃO CRUZEIRO – O MAL QUE O FACEBOOK E AFINS FAZEM À POLÍTICA

Escrito por em Abril 6, 2018

IHá uns tempos, vagueando pelo facebook, deparei-me com um texto de uma certa pessoa (para o caso, não vale a pena dizer quem) onde se podia ler, entre outras pérolas, que a dirigente do Bloco de Esquerda “berrava (…) em ânsias esganiçadas” uma quantas “cavalidades” ao magote de alucinados que capitaneia”. Antes de qualquer outro considerando sobre a substância destas afirmações, deixem-me dizer que isto é Português escrito com talento e qualidade. Só é pena que o seu autor aproveite o seu talento desta forma tão pouco dignificante.

Com menos talento literário mas em tom com inegáveis qualidades jocosas e sarcásticas (mas também usadas de forma pouco dignificante) um notório político do Bloco de Esquerda disse algo como O CDS até tem um dirigente gay! Ai que moderno que ele é!”.

Estes são apenas dois exemplos mas se cavarmos um pouco mais no lodo, vamos encontrar outros episódios tão pouco edificantes como estes em personagens e personalidades de todos os campos políticos.

Isto fez-me pensar numa questão: o que está a acontecer ao discurso político? Mais especificamente, que mal está o Facebook (e outras redes sociais) a fazer à Política?

Acima de tudo deu palco (e que palco!!!) a personagens com pouco ou nada para dizer de substância em termos políticos; a gente que tem opiniões (estou a ser generoso na qualificação) baseadas em pré-conceitos, em pré-juízos, sem qualquer sustentação intelectual ou em factos, gente que usa o insulto gratuito, com pouca ou nenhuma discussão de ideias, apenas a vomitar fel e ódio.

O Facebook permite que as opiniões que antes ficavam pela tasca ou taberna tenham, agora, audiência global, amplifica um certo e profundo bas-fond moral que “se arma aos cucos” a tentar colocar-se numa suposta superioridade moral, inquestionável e indiscutível, mas que apenas serve para disfarçar evidentes incapacidades intelectuais para ouvir pontos de vista diferentes (entender, então, será impossível!), sem qualquer ponta de tolerância, defensores acérrimos da “liberdade” (apenas aceitável se for à maneira ditatorial deles) e da “democracia” (mas só se forem eles ou alguém do seu agrado a mandar autoritariamente).

O intuito é reles – apenas ofender. Destas “opiniões” não se extrai uma ideia construtiva, de ou com futuro, porque tais ideias implicam um compromisso, pelo menos, no plano ético ou moral (conceitos de difícil entendimento para alguns). Gente assim, que pulula tanto à esquerda como à direita, não faz falta nenhuma à Política.

O mais grave disto tudo é terem audiência, por enquanto claramente minoritária. Porém, há que estar alerta. Estas personagens serão os primeiros a defender um qualquer demagogo ou idiota que se meta na Política. Há que nunca menosprezá-los ou subestimá-los porque um dia podem mesmo ganhar eleições e governar-nos (como aconteceu nos EUA).

O Facebook baixou muito o nível do discurso político entre os cidadãos comuns e contaminou, também, a forma como alguns políticos de nomeada comunicam entre eles e com os seus eleitores. Isto é verdade tanto à direita, como à esquerda mas só para dar alguns exemplos, acho degradante e de muito mau gosto o uso de expressões como “geringonça”, “esquerdalha”, “direitalha”, “comunas”, “xuxalistas” ou “faxistas”. A meu ver, o uso destas expressões ou equivalentes, diz muito de quem a usa e afina a bitola da pouca consideração e atenção que essas pessoas me merecem. Quem quer ser sério na Política e ser levado a sério pelos seus concidadãos não as pode, nem deve usar. Nunca.

Mas, infelizmente, há, também em Odivelas, quem as use e de forma farta. E também estão no Facebook…

Até para a semana. Desfrutem de Odivelas!

Fernando Sousa Silva
Sociólogo