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OPINIÃO/CRUZEIRO: MÁSCARAS

Escrito por em Fevereiro 20, 2018

Mascaras

A vida são dois dias e o carnaval são três, diz-se em muitas zonas que assinalam festivamente esse período. Com raízes pagãs, o carnaval é uma festividade que tem vivências muito diferentes e sofreu apropriações culturais várias, assumindo algumas delas, de forma mais ou menos explícita, ligações ao divino.

No entanto, o carnaval é contemporneamente uma celebração em que as mascaras e os disfarces são um traço comum a grande parte dos eventos comemorativos da época. Com as devidas adaptações e especificidades, o carnaval é um espaço de liberdade individual no centro da efervescência coletiva, da qual o carnaval do Rio de Janeiro é o exemplo mais evidente para nós.

Apesar da dimensão do nosso território, o festejo do carnaval assume facetas bem diferentes. Em muitas zonas do litoral os festejos assumem semelhanças maiores com o que se passa no Brasil, com cortejos carnavalescos que parecem desajustados do clima invernoso que se vive deste lado do Atlântico. Já no interior do país a tradição da comemoração do carnaval exprime-se de formas mais diversas, sem nunca esquecer a sátira e o humor.

Em certas zonas, os caretos, ainda perduram e a tradição mantem-se.

Ainda assim, os disfarces são algo transversal a essas diferentes tradições. Das matrafonas aos super-heróis, passando pelas princesas ou pelos míticos monstros, sem esquecer as figuras da vida mediática, milhares de pessoas constroem mais uma personagem diferente daquela a que dão vida, no dia a dia. A diversão e o extravasar da alegria são os motivos mais comuns apontados por essas pessoas para a «mudança de cara» durante esta época.

Contudo, este não é um período excecional na vida de todos e todas nós, pelo menos do ponto de vista da assunção de diferentes personagens. Diariamente assumimos diferentes comportamentos e posturas, em função do momento. Apenas o humor não é presença tão regular. No entanto, essa adoção de diferentes personagens em função das circunstâncias não tem contornos de gravidade, no quotidiano, enquanto essa mudança for apenas de forma e não de conteúdo.

A título de exemplo, o político ao subir a uma tribuna assume uma postura que não tem de ter numa negociação e isso é percetível por todas pessoas. Já um político que se diz socialista compactuar com a destruição dos serviços públicos, permitindo a criação de condições para que o político liberal, disfarçado de social democrata, venha promover a privatização dos bens públicos é algo inaceitável, independentemente da qualidade das mascaras e das e dos interpretes.

Em Odivelas, o disfarce socialista serviu já para promover uma Parceria Público Privada (PPP) ruinosa, defender a privatização da água e, mais recentemente, desenvolver o processo de privatização do Centro Cultural da Malaposta. Entre muitas outras escolhas que não colocaram os interesses de quem vive e trabalha no concelho em primeiro lugar, a efetivação dessas opções teve sempre a cobertura daqueles que hoje emergem disfarçados de oposição. Por mais bem feitas que sejam as mascaras, nem o PS Odivelas é socialista e nem o PSD local mudou a sua essência.

Luís Miguel Santos

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