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OPINIÃO/CRUZEIRO: JARDIM DO CAMPO GRANDE VANDALIZADI

Escrito por em Abril 28, 2018

Jardim do Campo Grande vandalizado!

É verdade, meus caríssimos concidadãos. Em 25 de Abril de 2018 (já nem sequer ao arrepio do que é perfeitamente espectável), àquele velhinho jardim do Campo Grande, votado a um criminoso abandono gerador de toda a espécie de actividades mais ou menos marginais ao longo de décadas, só faltava mesmo que lhe colocassem a alcagoita no topo de um excrementado e indefinido destino, procurando dar-lhe aquele ar modernaço da costumada e adulterada história dos tempos mais recentes da nossa vida colectiva.

Pois foi mesmo isto que aconteceu. Aproveitando as celebrações do Dia da Liberdade, em que o genuíno povo português saiu à rua com a imorredoira esperança de que um futuro mais risonho está aí à sua frente, fruto da sua luta consciente e organizada, os órgãos provisoriamente instalados no poder, desde o governo ao afectuoso Presidente da República, mobilizaram-se para mais uma promoção da ordinária cosmética de que são exímios vendedores.

E, assim, naquele glorioso dia que lhes deveria merecer, ao menos, algum respeito, procederam à inauguração solene de um melhorado jardim, onde se realizaram umas obras para tornar o espaço mais atrativo e (esperamos que) mais seguro, e baptizaram-no com o nome de Mário Soares, mais uma vez alcunhado de “fundador da democracia portuguesa” (!!!) e grande defensor da liberdade. Bem sabemos que lhes falta sempre definir “pela liberdade de quem e de quê”, mas, que diabo, também não se lhes pode exigir tanto…

Uma explicação para este baptismo poderemos encontrá-la no agradecimento do sempre afável presidente Marcelo Rebelo de Sousa que, aproveitando a embalagem que trazia de Espanha onde condecorou Sua Magestade El Rei daquele democrático país (fiel  discípulo do humanitário Generalíssimo Franco) com o grande colar da Ordem da Liberdade, cujo ele “reconhece acções a favor da defesa da liberdade, democracia e direitos humanos”, não quis, e muito bem, ser acusado de incoerência.

Não, de ser incoerente não pode, mesmo, ser acusado.

No fundo, mas bem no fundo, o afectuoso Presidente até tem razão quando agradece a Mário Soares a liberdade de que gozam. Ele, a corte mais chegada, mais os corruptos que proliferam nos corredores do poder, político e empresarial.

Os outros, aqueles que trabalham para que o país sobreviva, aqueles que continuam a suportar com o seu suor a gula dos agiotas que se empanturram com a “liberdade” pela qual Mário Soares tanto se bateu, esses não estiveram naquele que, para mim, será sempre o jardim do Campo Grande.

Estavam na Avenida da Liberdade a lutar por ela. Com a confiança inabalável de que a trapaça terá a vida mais curta do que os trapaceiros imaginam.

E que viva a verdadeira LIBERDADE que há-de chegar um dia, com a luta persistente daqueles que não se deixam enganar por falinhas mansas de batoteiros encartados.

Bom fim-de-semana.

Adventino Amaro

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