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O TEATRO E O PAÍS ESTÃO DE LUTO MORREU EUNICE MUNOZ

Escrito por em Abril 15, 2022

“Uma mulher como as outras, mãe de seis filhos, com netos e bisnetos para os quais quer todo o bem”

Lisboa 15 Abril 2022 – Morreu hoje, aos 93 anos, Eunice Muñoz. “Não podia ser outra coisa, só podia ser atriz”, disse quando celebrou os 70 anos de carreira, em 2011. A atriz morreu hoje, no Hospital de Santa Cruz, em Lisboa, aos 93 anos, disse à agência Lusa o filho da atriz.

Nasceu na Amareleja, no distrito de Beja, em 1928, Eunice e completou em Novembro 80 anos de carreira. Em Abril de 2021 estreou “A Margem do Tempo” uma peça de de Franz Xaver Kroetz, onde contracenou com a sua neta Lídia Muñoz, numa digressão pelo país que culminou que no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, em 28 de Novembro, exatamente 80 anos após a sua estreia. “Este teatro foi a minha casa durante muito anos, fui feliz no palco, em tudo o que cá fiz, agradeço sobretudo a vocês, ao público, que me acarinhou, que me aplaudiu desde que comecei, até agora que comemoro os meus 80 anos de carreira”, firmou Eunice Muñoz, no fim da sessão.

Estreou-se como atriz de teatro aos 13 anos, no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, em 28 de Novembro de 1941, na peça “Vendaval”, de Virgínia Vitorino, com a Companhia Rey Colaço/Robles Monteiro, que aí se encontrava sediada.

Filha e neta de atores de teatro e de artistas de circo, ao longo da carreira Eunice Muñoz atuou em cerca de duas centenas de peças. Participou em mais de oitenta produções de ficção, entre filmes, telenovelas e programas de comédia.

Em abril do ano passado, Eunice Muñoz foi condecorada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, cerca de três anos depois de ter recebido a Grã Cruz da Ordem de Mérito.

Eunice Muñoz frequentou o Conservatório Nacional terminando o curso aos 18 anos e uma média final de 18 valores.

Atingiu a popularidade, no Teatro Variedades, quando integrou o elenco de “Chuva de Filhos”, de Margaret Mayo, ao lado de Vasco Santana e de Mirita Casimiro.

Estreou-se no cinema em 1946 quando, no filme de Leitão de Barros “Camões”, tendo ganho pela sua interpretação o prémio do SNI – Serviço Nacional de Informação, para a melhor atriz cinematográfica do ano.

“A Banqueira do Povo”, de Walter Avancini, em 1993, assinalou a sua estreia nas telenovelas.

Uma carreira preenchida de inúmeros êxitos nos vários géneros de representação não deixou de ser reconhecida pelos mais altos representantes da Nação. Em 2015, recebeu o Prémio Carreira da Academia Portuguesa de Cinema e o Teatro Nacional D. Maria II, produziu “74 Eunices – Homenagem a Eunice Muñoz”. A Presidência da República distinguiu-a como Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada (1981), com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (1991) e com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (2011).

Uma verdadeira mãe coragem autodefinia-se como “uma mulher como as outras, mãe de seis filhos, com netos e bisnetos para os quais quer todo o bem”. Ficará para sempre na nossa memória como uma das melhores atrizes portuguesas de todos os tempos e um verdadeiro exemplo a seguir por todos os amantes da arte de representar.


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