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O SONHO TORNADO REALIDADE HERGÉ ATERRA NA GULBENKIAN

Escrito por em Outubro 5, 2021

O SONHO TORNADO REALIDADE HERGÉ ATERRA NA GULBENKIAN

FICARÁ EM LISBOA ATÉ JANEIRO 2022

 

Lisboa 5 de Outubro 2021 – Muitos talvez desconheçam que Hergé (Georges Remi) , foi publicado pela primeira vez, num país de língua não francesa, em Portugal. Pela influência do Padre Abel Varzim e Adolfo Simões Muller (diretor da revista juvenil Papagaio), o repórter Tintin, criado por Hergé chega aos portugueses em 1936. Hoje tem uma exposição a si dedicada na Fundação Calouste Gulbenkian patente até 10 de Janeiro de 2021.

O álbum «Tintin en Amérique» com a tradução portuguesa «Tim-Tim na América do Norte», começou a ser publicado na revista juvenil Papagaio nº 53, de Abril de 1936. O sucesso foi imediato, perdurou até hoje, internacionalizou-se por todo mundo e promete continuar a influenciar gerações. Curiosamente foi em Portugal, pela primeira vez, que as obras de Hergé foram publicadas a cores, o que surpreendeu o autor influenciando-o a colorir os seus álbuns, tendo mesmo afirmado: «Estou mito contente por ver os meus desenhos aparecerem coloridos», refira-se a propósito que Hergé, não exigiu nenhuma alteração ao colorido que foi uma estreia mundial.

No entanto, as aventuras de Tintin, na língua portuguesa, são publicadas pela primeira vez em livro, pela editora Flamboyant, São Paulo Brasil. Em 1980, a Difusão Verbo, iniciou a publicação nacional em álbum. Desde 1988, a Difusão Verbo publica todos títulos. Sendo que as Edições ASA adquirem os direitos de edição em 2010.

 

Portugueses nas aventuras de Tintin

Nos álbuns de Tintin, podemos encontrar quatro personagens portuguesas. O mais conhecido será talvez o comerciante lisboeta Oliveira da Figueira, que aparece em Os Charutos do Faraó, Tintin no País do Ouro Negro, Carvão no Porão e é referido em As Jóias de Castafiore. O Dr. Pedro João dos Santos, Celebre Físico da Universidade de Coimbra, acompanha Tintin e Capitão Haddock, a bordo do navio Aurore, em Estrela Misteriosa. No País do Ouro Negro, Oliveira de Figueira, apresenta a Tintin o seu sobrinho Álvaro. O quarto personagem do Universo de Hergé surge em Tintin no Congo, é representante do Diário de Lisboa, mas, não é referido pelo nome, pretende em troca de 50 000 escudos, garantir os direitos de publicação da reportagem africana.

A pintura abstrata como forma de expressão de Hergé 

Retrato de Hergé, por Andy Warhol 1977

Hergé, era também um amante das artes e apaixonado pela arte africana, dedica-se à pintura nos momentos de lazer usando a arte abstrata como forma de expressão, entre 1960 e 1964, produziu cerca de trinta telas. Tinha uma paixão pela arte de Serge Poliakoff, os seus trabalhos são influenciados por Joan Miró, Jean Dubuffet que admira especialmente. Manteve uma relação cordial com Andy Warhol que o retratou em 1977, a obra faz parte do espólio da exposição em Lisboa.

Mas, apesar do seu talento deixa de pintar em 1964 quando declarou: «A banda desenhada é a minha única forma de expressão. Que mais tenho à minha disposição? A pintura? É preciso dedicar-lhe uma vida. E como só tenho uma vida e já bem avançada, tenho de escolher entre a pintura e Tintin, não as duas coisas! Não posso ser pintor de fim de semana, é impossível».

Hergé, Composição sem título, Julho 1960

Na Fundação Calouste Gulbenkian, pode apreciar várias telas de Hergé bem como pranchas originais dos álbuns de Tintin e acompanhar o processo de criação e produção usado pelo autor do repórter mais famoso do Mundo e do seu cão Milu.

O caso da revista Tintin
“A revista dos jovens dos 7 aos 77 anos”. Assim se apresentava, a 1 de Junho de 1968, no primeiro número a versão da revista Tintin em português que, nos trouxe a Portugal o melhor da banda desenhada franco-belga.

Ao longo de 15 anos, publicou cerca de 750 números com histórias aos quadradinhos. Através das suas páginas a cores os portugueses conheceram personagens como Tintin, Blake e Mortimer, Alix, Clorofila, Astérix, Lucky Luke, Ric Hochet, Corto Maltese e Valérian.

Com periodicidade semanal tinha diversas rubricas, entrevistas e artigos, o que permitiu aos leitores portugueses expandir o conhecimento da banda desenhada internacional. Vasco Granja, um dos mais importantes divulgadores de filmes de animação na televisão portuguesa, foi crucial para o sucesso da revista, ao integrar a equipa editorial, produzir e traduzir artigos.

 

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