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O METRO EM ODIVELAS OU QUE TAL REINSTALAR AS PORTAGENS NA CALÇADA DE CARRICHE?

Escrito por em Março 15, 2018

Começa a ganhar contornos definitivos uma decisão política que prejudica seriamente a população do concelho de Odivelas: a expansão da rede do Metropolitano em Lisboa com a construção das estações da Estrela e Santos, o que transformará a linha verde numa linha circular que absorverá uma parte significativa da atual linha amarela (no troço Campo Grande – Rato) e que deixará Odivelas com uma ligação direta (mas quase inútil)… a Telheiras! Isto significa que os Odivelenses deixam de ter acesso direto ao centro de Lisboa, passando a ter que fazer um transbordo na estação do Campo Grande.

Sem colocar em causa a necessidade de melhorar a mobilidade no interior da cidade de Lisboa, parece-me que esta é uma decisão estrategicamente muito errada para toda a Área Metropolitana de Lisboa e que vai criar novos e grandes problemas de entrada na capital particularmente nas chamadas horas de ponta.

Há uns tempos ouvi o Presidente da nossa Câmara Municipal, Hugo Martins, dizer que Odivelas está numa localização privilegiada para aceder a qualquer canto do país. De facto, temos rápidos acessos às autoestradas do Norte, do Sul, do Oeste, de Cascais e até para Espanha. Concordo totalmente. Só me parece que o mais difícil é mesmo aceder a Lisboa que está logo aqui ao lado.

A Calçada de Carriche (apesar de algumas melhorias nos últimos anos) continua a ser o monstro de trânsito que sempre foi, a CRIL para lá caminha, na CREL continuam a ser pagas as portagens mais estúpidas do mundo, a entrada pela Pontinha também é problemática. Resta aos Odivelenses o atalho pela Serra da Luz (nos dias bons…).

Ou seja, Odivelas tem seriíssimos problemas nos acessos a Lisboa, problemas esses que foram atenuados com a chegada do Metro a Odivelas, facto que foi uma bênção para o nosso município e que muito se deve à ação de alguns Odivelenses que nunca desistiram desse sonho, de entre os quais destaco o Vítor Peixoto. O êxito foi tal que várias vozes rapidamente chamaram a atenção para o subdimensionamento das estações de Odivelas e Senhor Roubado, tal foi a procura pelos utentes deste meio de transporte.

Perante a evidência clara e óbvia (o pleonasmo é propositado) de que o Metropolitano de Lisboa resolveu ou, pelo menos, atenuou uma boa parte dos problemas nos movimentos pendulares Odivelas-Lisboa seria de esperar a continuação ou o reforço do investimento na expansão radial da rede de Metro até ao Hospital Beatriz Ângelo, passando pela Ramada e, daí, para Loures (que alívio seria para a congestionada A8!) com eventual ligação ao Aeroporto. Mas não é o que está para acontecer. Incompreensivelmente, a opção política aponta cada vez mais para um redireccionamento do investimento na zona Estrela/Santos cujo alcance em termos de mobilidade das populações que vai servir me escapa (e não é só a a mim).

Pergunto: é assim que queremos fomentar a utilização dos transportes públicos e desincentivar a utilização do transporte privado (automóvel)? É assim que se quer melhorar a qualidade de vida de 155.000 Odivelenses em termos de mobilidade e sustentabilidade ambiental? É com esta expansão tão centralista que faz a descentralização?

Chega a ser ridículo e, até ofensivo, ouvir o Presidente do Metropolitano de Lisboa, dizer, a propósito da expansão da respetiva rede para outros municípios da Área Metropolitana de Lisboa, que o Metro não pode ser “uma espécie de Intercidades”. Estará a chamar “Intercidades” às «subdesenvolvidas» redes de metropolitano de cidades como Londres, Paris, Nova Iorque ou Madrid? Ou estará apenas a querer vilipendiar os cidadãos de Odivelas e de outros concelhos limítrofes de Lisboa? Ou até estamos cheios de sorte porque o senhor presidente do Metro não se lembrou de propor a reinstalação das portagens de entrada em Lisboa na Calçada de Carriche?

Poucas vezes a tiveram, mas os Odivelenses merecem mais atenção e carinho por parte do poder central. Talvez esteja na altura de o exigir…

Até para a semana. Desfrutem de Odivelas!

Fernando Sousa Silva