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Opinião Cruzeiro: Cidadania daquela que tem de ser “A Prioridade: O Planeta Terra!”

Escrito por em Março 20, 2019

Como é sabido, as alterações climáticas caracterizam-se por uma mudança significativa e prolongada na distribuição estatística dos padrões meteorológicos, sendo que se reportam a longos períodos que podem ir de décadas a milénios.

O aquecimento global é caracterizado pelo aumento inequívoco e continuado da temperatura média do sistema climático da Terra. O facto é que há décadas que o clima tem estado a aquecer à escala global.

As causas naturais das alterações climáticas resultam da inconstância das correntes marítimas, da actividade vulcânica, da radiação solar e de outros factores do clima. Como consequências, temos assistido a fenómenos extremos (como cheias, secas, granizo, tornados, furacões, etc.), os quais têm tido efeitos devastadores.

A vida na Terra só é possível devido ao chamado «efeito de estufa», um fenómeno natural que é responsável por manter as temperaturas à superfície do planeta com os valores certos. Assim, sempre que a radiação solar atinge a atmosfera terrestre, uma parte é reflectida de volta para o espaço e outra parte atravessa-a, sendo absorvida pela superfície do planeta, provocando o seu aquecimento. O calor assim gerado é emitido em direcção ao exterior, sendo que uma parte se escapa para o espaço e outra parte é absorvida pelos gases presentes na atmosfera, designados por «gases com efeito de estufa». Este fenómeno impede que a totalidade do calor escoe para o exterior, mantendo uma temperatura média à superfície de cerca de +15ºC, ao invés de -19ºC.

Todavia, neste sistema, o Homem tem interferido de forma altamente desgastante. A queima de combustíveis fósseis nos veículos, nas fábricas, nas centrais eléctricas e noutras actividades humanas têm incrementado a emissão do principal responsável pelo aquecimento global, o dióxido de carbono (CO2), sendo que, por outro lado, a desflorestação em nada contribui para melhorar este cenário.

O Protocolo de Kyoto, discutido e negociado no Japão em 1997 e ratificado em 15 de março de 1999, resulta de um conjunto de iniciativas iniciadas ainda no ido ano de 1988, no Canadá, com a Toronto Conference on the Changing Atmosphere, passando em 1990 na Suécia, pelo IPCC’s First Assessment Report e pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática na ECO-92 no Rio de Janeiro, Brasil. Desde o final dos anos 80 do século passado que existe o conhecimento e o reconhecimento da debilidade do nosso ambiente por força das alterações climáticas geradas por acção humana. Esperámos até 2005, i.e., esperámos 17 anos, para que 55 países, juntos, produzissem 55% das emissões e ratificassem o Protocolo de Kyoto. No entanto, dez anos depois, em 2015, é assinado o Acordo de Paris, que determina as medidas de redução de emissão de gases estufa a partir de 2020, a fim de conter o aquecimento global abaixo de 2ºC e reforçar a capacidade dos países de responder ao desafio, num contexto de desenvolvimento sustentável. Recentemente, Donald Trump, presidente americano, fez saber que os Estados Unidos, um dos países mais poluidores, saiu deste Acordo. Um enorme passo atrás!

 

Como todos temos visto, enquanto as lideranças e os povos têm brincado ao faz-de-conta que se importam com o clima – fizeram-no durante 27 anos –, o mesmo foi-se degradando e fomos vendo inundações, surgimento de zonas quentes e secas por ausência de chuva, leitos de rios a secar, redução das reservas de água potável, extinção de espécies animais e vegetais, furacões, tornados e outras tempestades.

 

Até que, pelo impulso da adolescente sueca Greta Thunberg, esta semana, ouviu-se um grito de “Basta!” da geração mais nova. Assim foi, a juventude veio dizer aos seus pais e aos seus avós: “Acabou a brincadeira! Ou tratamos deste assunto, ou morremos todos! Esta é uma questão de sobrevivência da Terra e da espécie humana, pelo que se acabou o tempo do faz-de-conta e dos atrasos!”. Assim foi! Com a chamada “Greve Climática Estudantil”, os mais novos deram-nos um valente puxão de orelhas que, diga-se, temos feito por merecer há muito. Ou os percebemos e agimos, ou acabamos como eles dizem e, como todos sabemos: “Sem planeta Terra!”.

 

Àqueles que acham que a cidadania se traduz numa espécie de sabat que se realiza de quatro em quatro anos, pela deposição dos votos nas urnas, as novas gerações têm dito e voltaram a dizer: “Não! Nós queremos participar!

 

As estas e estes valorosos jovens, que necessariamente nos acalentam a esperança, o meu pedido de desculpas por ser da geração que tem sido incapaz de salvaguardar o vosso futuro e o meu muito obrigado pela vossa sagacidade, irreverência e força! Em vós, tenho esperança!

 

Também em Portugal as e os jovens se manifestaram, sendo que o concelho de Odivelas esteve lá na manifestação ocorrida na passada sexta-feira, dia 15 de Março. Sim, eles não se “baldaram” simplesmente às aulas. Foram procurar e exigir imediata atenção para este que tem de ser o nosso principal objectivo enquanto espécie.

 

Estimados leitores, como é sabido, poderão encontrar esta e outras reflexões em http://radiocruzeiro.pt.

Procurarei estar convosco daqui a uma semana, neste mesmo espaço.

Até lá!

20/Março/2019